Uma crise diplomática entre um território espanhol no norte da África e o Marrocos já causou a imigração de cerca de 9 mil pessoas. Uma das fotos da chegada de imigrantes viralizou. Ela mostra o momento que uma voluntária da Cruz Vermelha abraça um homem senegalês, de acordo com o The Guardian.
O episódio ganhou proporção mundial e com isso, muitas críticas. A mulher foi identificada como Luna Reys, enquanto o imigrante não teve seu nome revelado.
“Ele estava chorando. Eu estendi minha mão e ele me abraçou”, disse Reys à TVE. No vídeo, é possível ver a voluntária oferecendo água ao imigrante e, em seguida, o confortando. “Ele não parou de me abraçar, ele se agarrou a mim como um marisco e apenas chorou”
Reys também disse que houve reações que classificou como machistas e racistas ao momento. “Viram que o meu namorado é negro e não pararam de me insultar e dizer coisas terríveis e racistas”.
Após os ataques virtuais, a hashtag #GraciasLuna (obrigado Luna) repercutiu no Twitter, com intuito de reconhecer a ação humanitária de Reys. (Notícia BOL/UOL)
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Um Cara passou por aqui (o espírito mais perfeito que passou por aqui) e disse: “ame o seu próximo como a si mesmo”. Luna, consciente ou inconscientemente, colocou em prática o segundo maior ensinamento do Cara.
Esse próximo pode ser uma criança, um idoso, uma mulher, um negro, um homossexual, um pobre, um índio, um iletrado, um obeso ou um deficiente. O amor, a matéria usada pelo Cara-Lá-De-Cima para criar o mundo, não é seletivo. “Amor preconceituoso” não é amor. Simples assim.
A Constituição da República Federativa do Brasil, documento que ocupa o ápice de nossa ordem jurídica, incorporou os mais sublimes valores do convívio social ao estabelecer que são nossos objetivos fundamentais: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e c) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Assim, o ódio, o discurso de ódio, as várias formas de violência, as discriminações e as segregações sociais são enormes perdas de tempo e energia, verdadeiros atrasos de vida. Só a prática do bem, na acepção mais ampla da palavra, será libertadora e promotora do aperfeiçoamento pessoal e social contínuos.
Por
Aldemário Araúijo Castro
Professor
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 13 de maio de 2021