Sylvia Drumond Rhaddour Bravin Greth [1]
Precisamos falar sobre valorização da advocacia, e falar sobre valorização é se reportar a um profissional respeitado, e o respeito está diretamente relacionado a dois fatores: capacitação e remuneração.
Hoje nos deparamos com muitos advogados investindo tempo e recursos financeiros em marketing digital, cursos sobre as ferramentas das redes sociais, tecnologia e coaching, mas estão deixando de lado o que verdadeiramente impacta o cliente e o dia a dia profissional, que é o domínio da sabedoria no âmbito jurídico, o domínio do conhecimento na área de atuação.
Tenho me deparado com advogados absolutamente envolvidos por muito aparato tecnológico, e por outro lado absolutamente desqualificados para o exercício da profissão, e indubitavelmente isso causa desprestígio de toda uma classe.
Com objetivo de reflexão, pergunto: quantas horas diárias nós, advogados, temos investido em capacitação? Ou, pelo menos, quantas horas semanais? Qual a obra jurídica de cabeceira? Quais os locais de pesquisa fundamentais para a nossa atividade?
O marketing pode contribuir para a captação inicial de clientes. No entanto, a advocacia é muito peculiar: a indicação por alguém que já teve experiência com aquele profissional continua sendo fator determinante na hora da contratação.
O segundo ponto é a baixa remuneração. Sabemos que vivemos tempos difíceis e que, na verdade, ninguém gosta de gastar com advogado, e isso se aplica muitas vezes ao próprio advogado.
É muito comum que o cliente procure compartilhar um sentimento de justiça em relação ao caso dele, e que tente envolver emocionalmente o advogado. Com esse tipo de conduta, faz com que o profissional sinta constrangimento com a cobrança. Afinal, a premissa equivocada é: se o profissional contratado luta por justiça, nesse contexto, como a luta por justiça pode ser remunerada?
Preciso dizer que a responsabilidade pela justiça da decisão é dos julgadores, e eu sei que você leitor sabe disso, mas não custa lembrar.
A falta de debate quanto à precificação na advocacia tem resultado em uma massa de profissionais com dificuldade na hora de apresentar seus honorários, e classe mal remunerada é classe desprestigiada. Nesse ponto o segundo ponto impacta diretamente no primeiro, considerando que a falta de ganhos impede o investimento na capacitação, e por certo esse profissional cada vez mais será desvalorizado.
Precisamos nos unir para debater abertamente, e sem constrangimentos, a precificação na advocacia, e que cada advogado assuma o compromisso de buscar diariamente a ampliação da sua capacidade. O sucesso na advocacia é resultado de uma fórmula simples: quantidade e qualidade, quantidade de clientes e qualidade do serviço prestado.
[1] Advogada e fundadora do Drummond, Rhaddour, Bravin & Greth Advogados. Membro da Associação Brasileira de Processo Civil (ABDPpro). Membro do Instituto Brasileiro de Direito das Famílias (IBDFam). Membro do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB). Vice-Presidente da Comissão de Direito Processual Civil da ABA/RJ.