Por Esdras Dantas de Souza
O título de “doutor” atribuído aos advogados tem gerado debates acalorados, mas há méritos sólidos para essa designação, além do Decreto de D. Pedro concedendo esse título aos causidicos.
A argumentação reside no fato de que, no seu dia a dia, um advogado frequentemente defende teses perante os Tribunais. Essa prática constante não apenas exige um amplo conhecimento jurídico, mas também uma habilidade profunda de pesquisa, análise e articulação argumentativa.
Quando um advogado comparece perante um Tribunal, ele não somente apresenta os fatos de um caso, mas também constrói uma narrativa sólida com base em leis, regulamentos e jurisprudências relevantes.. Isso envolve uma análise crítica das evidências, além de uma compreensão precisa da legislação pertinente. A capacidade de persuadir juízes e júris a aceitar sua visão legal requer uma profunda expertise na área.
Além disso, a analogia com o título de “doutor” atribuído a profissionais da área médica pode ser feita. Assim como um médico dedica anos de estudo e experiência para cuidar da saúde das pessoas, um advogado se compromete a proteger os direitos e interesses de seus clientes, também após anos de preparação. Essa comparação ressalta a importância da dedicação e conhecimento que os advogados acumulam ao longo de suas carreiras.
Ainda, ao chamar um advogado de “doutor”, reconhece-se o fato de que eles têm uma habilidade única de interpretar a complexa linguagem jurídica e aplicá-la de forma pragmática para alcançar justiça. Essa distinção reflete o papel crucial que os advogados desempenham na manutenção do sistema de justiça e na garantia dos direitos fundamentais de todos os cidadãos.
Portanto, dizer que um advogado é doutor devido à sua atuação na defesa de teses perante os Tribunais é uma perspectiva justificada. Isso respeita o conhecimento especializado, a experiência acumulada e a importância do trabalho que os advogados realizam na sociedade.
Esdras Dantas de Souza, advogado, professor, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, ex-diretor do Conselho Federal da OAB, foi desembargador do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal e Conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público. Atualmente é o presidente da Associação Brasileira de Advogados (ABA)