Autor: Esdras Dantas de Souza, Presidente da Associação Brasileira de Advogados
Data: 11/05/2024
A tragédia ambiental atualmente testemunhada no Estado do Rio Grande do Sul nos recorda, de forma dolorosa, a necessidade urgente de preservar nossos recursos naturais. Este evento não é apenas um acidente isolado, mas um sintoma de uma crise maior, exacerbada por decisões que priorizam ganhos imediatos em detrimento de sustentabilidade a longo prazo.
No Brasil, onde a riqueza natural é abundante e vital para nossa identidade nacional, é trágico observar como a exploração irresponsável continua a ser uma prática recorrente. Muitas vezes, isso é motivado por interesses políticos e financeiros que buscam benefícios pessoais imediatos, como a manutenção de poder ou o aumento de riquezas pessoais, em vez de priorizar o bem-estar coletivo e a preservação ambiental.
É fundamental questionar: até quando permitiremos que nossos líderes tomem decisões que comprometem nosso futuro e o de nossas próximas gerações? A democracia, que tanto prezamos como o regime mais equitativo de governo, permite que escolhamos nossos representantes; contudo, também nos expõe ao risco de elegermos líderes que não refletem nossos valores mais urgentes.
A falta de líderes verdadeiramente comprometidos com políticas ambientais responsáveis não é apenas um reflexo de suas próprias falhas, mas também de um sistema que muitas vezes favorece a visibilidade imediata em detrimento de metas sustentáveis. Isso destaca a necessidade de uma reforma política profunda, que inclua medidas como maior transparência nas ações governamentais, educação política eficaz para o eleitorado e mecanismos mais rigorosos de responsabilização para aqueles no poder.
Como sociedade, não somos impotentes. Temos o poder de mudar essa realidade através do voto, da mobilização e do engajamento cívico. É essencial que cada um de nós se envolva mais ativamente na política e na defesa do meio ambiente, exigindo mais de nossos líderes e mantendo-os responsáveis por suas ações.
É hora de rejeitar a noção de que não podemos fazer nada. Podemos e devemos exigir líderes que não apenas atendam às suas próprias agendas, mas que também priorizem as necessidades reais do povo. A democracia nos dá a ferramenta mais poderosa de todas: a voz. Usemos essa voz para fomentar mudanças, para escolher líderes que se comprometam genuinamente com a sustentabilidade e que possam liderar nosso país em um caminho mais verde e justo.
A tragédia no Rio Grande do Sul deve ser um ponto de inflexão em nossa trajetória política e ambiental. Que ela nos inspire a buscar um futuro onde o respeito pelo meio ambiente e pela dignidade humana esteja no coração de todas as políticas públicas. Somente assim poderemos esperar um Brasil que seja sustentável não apenas ambientalmente, mas também social e economicamente.