Narcisismo presente em crianças e adolescentes

A nossa sociedade precisa estar atenta a alguns transtornos de personalidade como o Transtorno de Personalidade Narcisista.

É importante que pais, educadores, advogados, magistrados, psicólogos e Promotores de Justiça conheçam esta patologia psiquiátrica.

Pois bem, Narcisistas em geral estão tão autocentrados em encantamento com as suas próprias imagens que não há espaço para o desenvolvimento do amor ao outro. Não existe a possibilidade deste tipo de olhar.

O Narcisista Perverso não tem empatia, amor pelo próximo.

Freud desenvolveu a sua fantástica teoria sobre o narcisismo postulando que ainda quando somos bem pequeninos, ocorre a transição de um período maturacional onde o prazer está centrado nas sensações que temos em nosso próprio corpo, fase que inclui o autoerotismo.

Em uma evolução normal, o direcionamento desse afeto caminha do próprio corpo e vai para outros objetos e pessoas diferentes de si mesmo. Essa é uma passagem que se bem-feita, desenvolve a percepção de que existem outros fora de nós mesmos, e que estes têm sentimentos e gostos independentes.

Essa dinâmica que pode gerar de crises por volta dos 8 meses quando a criança ainda bebê percebe que o outro não é extensão de si mesmo. Na medida em que o limite do outro se revela, para amar alguém fora de si mesmo é preciso lidar com questões que envolvem a alteridade.

Amar e aceitar as diferenças entre o que sou eu, e o que é o outro, é a tarefa a ser concluída.

Acontece que Narcisistas adoecidos não conseguem amar a ninguém além de si próprios, imaginam-se grandiosos de tal modo que esperam que todos ao seu redor sintam-se obrigados a compactuar com seus delírios de magnanimidade, transformando a vida de quem estiver a sua volta em um verdadeiro inferno. Como são eternos insatisfeitos em suas infinitas demandas, causam toda a sorte de acuamento, terror, manipulações e iras.

E estes comportamentos são voltados aos companheiros e companheiras, esposos e esposas, namorados e namoradas, e pasmem, aos filhos também.

Então como devo observar os filhos para compreender este transtorno manifestado em crianças e adolescentes?

As crianças e adolescentes com este transtorno,  desejam que todas as atenções sejam voltadas para as próprias necessidades e gostos. Eles possuem baixíssima tolerância às frustrações e dificilmente se contentam.

No ambiente escolar,  uando não vão bem em alguma disciplina, o que é comum, culpam professores de protegerem outros alunos  e não lhes darem a atenção devida.

Por cultivarem uma grandiosidade e um senso de merecimento fora de contexto, muitos não conseguem seguir em frente com estudos ou trabalho, encaminhando-se para serem verdadeiros parasitas familiares.

Visam manipular a tudo e todos e se acharem necessário, não hesitarão em mentir na tentativa de gerar culpa por não serem suficientemente providos daquilo que imaginam que merecem e necessitam ter.

Para estas crianças e adolescentes tudo precisa girar em torno deles para satisfazê-los em suas demandas e quando não ocorrem a contento e também por conta da baixíssima tolerância que têm às frustrações, costumam ter ataques de fúria que com o tempo e em casos mais graves podem se transformar em violência física para quem estiver por perto, incluído os próprios pais.

Ao observar estas características o pais devem resgatar o lugar de autoridade, precisam ser empáticos, sem deixarem de dar limites claros, e lógico procurar um profissional de psicologia e psiquiatria.

 A determinação de horários precisos para o uso da internet por exemplo deve ser observada com bastante seriedade. Se os filhos insistirem em não obedecer ou tiverem ataques de birra no intuito de manipularem os pais para lhes devolverem a ‘alegria/internet’ , os pais devem se manter firmes, oferecendo atividades alternativas e em muitos casos, se puderem, participarem de algumas dessas atividades.

 A ideia é descondicionar estes ritmos ao ponto de condicioná-los em outras atividades que também possam gerar prazer. Se os filhos já se encontrarem muito viciados nas redes sociais, é provável que esta mudança de costume seja mais trabalhosa, mas de qualquer modo que seja, sempre valerá a pena todo o esforço que for dispendido.

Atente, pais que reclamam de filhos que têm dificuldades para lidarem com frustrações, podem estar dando exatamente o mesmo modelo a eles se acaso abrirem mão de fazer valer os seus limites por conta das resistências e dificuldades por eles impostas. Pais Narcisistas podem criar filhos narcisistas, e este contexto reflete em toda a sociedade e principalmente nos escritórios de advocacia que estão abarrotados de clientes com demandas causadas por narcisistas perversos

Por Ana Lucia Ricarte, advogada familiarista, especialista em divórcio saudável de vítimas de abuso emocional. Diretora da Associação Brasileira de Advogados em Mato Grosso.

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